O MÉDOC BRASILEIRO


by FlávioMPinto


O Médoc é a região mais proeminente e aristocrática de vinhos da França. É secular sua influência. Localizada a noroeste de Bordeaux, possui aproximadamente 80 km por 30 e centenas de Apellations Controlée, reconhecidas no mundo vinícola. Abraça o estuário do Gironde, saída para o mar de dois rios importantes da região: Garône ao sul  e Dordogne ao norte.

Era conhecida como a região de uma tribo celta chamada Medullicus.

É dividida em 5 regiões que ditam a qualidade dos melhores vinhos do mundo: Pauillac, Saint Estéphe, Margaux, Saint Julian, Medoc (Haut e Bas).

Apresenta solos distintos, mas de uma fertilidade ímpar para a vitivinicultura. O resultado é de excepcionais vinhos, que vão dos doces de Sauternes aos austeros de Margaux, Pauillac e Pomerol.

 O eixo abrangendo Santana do Livramento-Dom Pedrito- Rosario do Sul-São Gabriel, na parte central  da Campanha Gaúcha, se desenvolve numa região de geologia ímpar e uniforme, abrangendo aproximadamente 150 km por 50 de largura.  O clima, frio no inverno e quente no verão, acompanha as excelentes condições de sucesso das uvas finas na região. 

A topografia dessa região da Campanha,  caracteriza-se por coxilhas e colinas de até 15% de declividade, com suaves ondulações, o que permite a mecanização de praticamente todos os tratos da cultura e a utilização de técnicas especiais de manejo do solo. O solo, por seu turno, composto basicamente por arenito, com fragmentos de basalto interestratificado, proporciona excelente drenagem, uma vez que apresenta profundidade média de 1,5 a 2 metros.

Estas condições permitem um maior desenvolvimento radicular da videira e diminui a possibilidade das plantas sofrerem com o stress hídrico. A fertilidade é média, com teores de matéria orgânica em torno de 1,0 a 1,2 %, o que incide numa menor vegetação e melhor frutificação, ou seja, não há excesso de vigor nas plantas e a produtividade é baixa, favorecendo a produção de frutos com alta concentração de aromas, açúcar e polifenóis.

O clima é temperado subtropical, com verões quentes e de alta insolação. A precipitação pluviométrica anual está em torno de 1.400 mm, sendo de apenas 330 mm durante o período de maturação das uvas (dezembro a fevereiro), com umidade relativa do ar em torno de 71%. A amplitude térmica diária (diferença entre as temperaturas mínima e máxima) durante o período de maturação é de 13 ºC. O número de horas de frio, abaixo de 7ºC está em torno de 380 horas. As horas onde sol brilha e abastece os parreirais com mais de 100 dias de sol, que, l com certeza, dão estilo aos vinhos da região.

A modernização dos parreirais dispostos estilo espaldeira facilita e potencializa todas as etapas.

As uvas tintas como brancas tem ótimo rendimento gerando vinhos tintos, brancos e espumantes inigualáveis, tanto que um grande número de vinícolas da Serra se abastece na Campanha. 

Uma característica marcante desses vinhos, notadamente os tintos, é sua tipicidade, onde manifestam camadas de sabores que evoluem na taça.

Don Giovanni de Bourbon-Siciles, príncipe e jornalista restauranteur, assim se expressou no livro “The sob in the kitchen:  …”As uvas européias dão certo, quando se sentem em casa”.

O terroir uniforme da região, reproduz com outras variáveis o ambiente fértil do Médoc. Aliás, não só do Médoc como da Champagne com suas colinas suaves de Côtes de Nuits, por exemplo e da Côte D’Or. A região da Champagne se assemelha muito a Campanha gaúcha. Numa viagem de Paris á Nancy, indo para a  Champagne, disse a minha mulher… ”daqui a pouco chegamos em Livramento, olhe as coxilhas…”

A Campanha só não possui as condições climáticas para gerar vinhos doces, como Sauternes.

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